sábado, 23 de maio de 2009

Entrevista com Ricardo Péculo


O nosso blog, passará a apresentar perfil de alguns importantes membros do segmento funerário e mercados afins, neste primeiro encontro o nosso entrevistado é o Consultor Funerário Ricardo Péculo, Argentino, especializado em Pompas Funebres e Tanatologia Exequial, que alem de grande profissional, é meu grande amigo pessoal.

Ricardo Péculo, irmão de falecido Alfredo, ou o rei do funeral na Argentina. O homem que vive do serviço Fúnebre. Durante anos a liderar a Funerária Paraná, a maior e mais tradicional do país. Por onde passou os corpos de Arturo Frondizi e Carlos Menem Jr.. Mas há também o fotógrafo José Luis Cabeças, e a última mudança, por assim dizer, dos restos mortais de Perón à Quinta de São Vicente.
Mais notável, porém, é a obstinação do féretro do empresário que insiste em popularizar os ritos funerários na televisão a cabo. Ao esperar para conhecer a empresa funerária a repórter observa...
... No primeiro andar de uma casa funerária em Martinez, a norte da província de Buenos Aires. O quarto é frio e azul e tem uma janela para introduzir muito mais do que a luz: o outro lado do vidro há a rua, as pessoas, as árvores, os cães, a vida desenho de uma criança que não sabe. Mas aqui dentro, com as costas para uma janela enorme, com foto no meio de todos os caixões, a espera, um homem de pé ali, gritando. - Não diga caixão, querida! Trata-se de ataúde! A forma correta de chamar a peça. Repeti-me: a-ta-ud (em espanhol). -A-ta-ud (a-tau-de). - Por que dizer repórter "casa"? São palavras diferentes. São coisas diferentes. Eu nunca mantidas as chaves do meu carro no caixão do desktop, que isso significa? Ricardo Péculo é duro, de fino queixo, magro e possui uma risada que deixa um rastro no ar, de presença marcante, que impõe respeito e confiança, mas mostra ser duro ao tratar do tema. Profissional do ramo, há décadas, o rei do funeral na Argentina.
Durante anos, ele conduzido, juntamente com seu irmão já falecido, Alfredo Péculo - Cochería Paraná, a maior do país. Organizou o funeral de Arturo Frondizi e Carlos Menem júnior. Preparou a despedida do fotógrafo José Luis Cabezas. Dirigiu a última transferência – translado de restos mortais entre cemitérios, do Presidente Argentino Juan Domingo Perón em San Vicente. Organizou o famoso cerimonial do Polícial Aldo Garrido. E agora, os seus cinquenta e oito anos, fez sua vida um fantástico cocktail. Por um lado, ensina no Instituto Argentino de Thanatology Exequial (onde se ensinam técnicas e disseminam informações relativas ao funeral rito) e em segundo lugar, ele fala da morte em casa. No ano passado, o canal Utilísima TV a cabo- onde foi proposto a lançar um ciclo de programas Daqui a Eternidade, uma visão profissional, didática e humanizada do serviço Fúnebre, sendo o primeiro de sua categoria em toda a América Latina, onde Péculo estava ajudando aos telespectadores a compreender este serviço, disponibilizou informações não de como se faz um casamento ou um batismo, mas uma cerimônia fúnebre e a complexidade desta. A receptividade foi tão bem sucedida que em abril próximo Péculo começa com a segunda temporada. Nos horários - à meia-noite às terças-feiras e sábados às 21,30, Utilísima repete a primeira temporada e permite ser revisto: uma espécie de tabela de vida Greco, ensinando aos telespectadores que possam conhecer as diferenças entre um cemitério municipal e um privado; para escolher o caixão; para selecionar a sequência de vestuário; para a concepção de um túmulo; e compreender os benefícios da tanatoestética. Que é a disciplina responsável pela morte melhor aparência da pessoa falecida.
RP-Precisamos nos antecipar diz Péculo. As pessoas vivem tomando as decisões erradas, porque nunca, até que ela morra, ela falou da morte. A minha aposta é que com o programa, facilite aos telespectadores, e que estes possam programar um funeral para homenagear uma pessoa. Eu não falo da morte. Falo do tributo.
Entrevistador- A proposta veio do canal Utilísima ou foi você que fez?
RP - Podemos dizer que de ambas as partes. Eu procurei todos os canais de TV e ofereci o programa, e não foi aceito, foi igual ao que ocorre ao não se aceitar a própria morte. Até que a Utilísima foi comprada pela Fox, como a Fox é de Los Angeles e por lá há outra mentalidade, disseram, que colocariam esse programa no ar. O que todos me diziam ser um delírio de minha parte, acabou sendo um sucesso. Alessandra Rampolla fala de sexo, e eu falo de morte. São tabus. Por certo. E num primeiro momento, quando Alessandra disse que "tudo é sobre sexo", foi uma loucura, e agora é uma sensação Alessandra no AR, que é onde ela chegou. Para mim também, como no sexo, na morte vale tudo. Todos os crédulos são válidos. E, como as senhoras são ensinadas a fazer um bolo ou para organizar um casamento, eu simplesmente vou ensinar-lhes a se preparar para as possibilidades de um velório.
Péculo é praticante de pára-quedismo, mergulhador e aviador civil, jogar golfe e pato (esporte nacional – Argentino), alem de salto eqüestre, ginástica ornamental, dentro das atividades cívicas e comunitárias é membro fundador do Rotary Club, ex-vereador de San Isidro e PJ como homem é o pai de família, casado com Gabriela - , tem três filhos e uma neta. Em resumo: Péculo é um homem cheio de vida. E este seu entusiasmo garante que permanecerá com ele até o túmulo.
Quando ele morrer, pretende garantir que o seu estilo gaúcho esteja marcado em seu vestuário, fato este assegurado quando da morte de seu irmão, Alfredo, que começou o negócio com a Cochería Paraná – (Funerária nome dado a funerária em Espanhol), quarenta anos atrás.Nessa altura, no final dos anos 60 - Ricardo Péculo ignorava totalmente o tema fúnebre. Mas logo em seguida começou a se interar e rapidamente passa a freqüentar a velórios, buscando conhecimentos, semelhante ao que um piloto faz para adicionar horas de vôo. E a experiência logo passou a render frutos. Alguns anos mais tarde, a Cocheira Paraná passaria a ser a maior do país. Em termos econômicos, significava um bom negócio: há alguns anos era vendida a um grupo espanhol. Em termos existenciais, a empresa se tornou um local de morte, tão leve, que deixaria de ser um fantasma.
Entrevistador -Sei que existem pessoas cujo último desejo é de ser cremada e ter suas cinzas espalhadas, por questões de higiene e para Você, a cerimônia fúnebre está sendo perdida?
RP - Essa é uma história chinesa. As pessoas dizem estas coisas quando você não tem a intenção de morrer, algo que normalmente ocorre um dia antes de morrer. Garanto-vos que as pessoas, quando está perto do fim, buscam ser honestas. Pedem coisas. Eu vi pessoas sendo enterradas com a camisa do Boca (tradicional time de futebol da Argentina), sob o terno, com bolas de golfe, vara de pesca, bola de futebol, CAMISAS diversas, guitarras. Então nós argentinos que somos muito vaidosos vamos querer sair deste mundo despercebido. E tu, por exemplo, que planos tem para sua própria morte? - ... Não é mau agouro falar sobre morte. O que acontece é que você não está acostumada. Este é um dos grandes problemas da sociedade e é o que estou tentando falar.
Poderia fazer uma sugestão? Ele diz que Diego Levy, o fotógrafo da presente nota, queria que a Urna Funerária fosse na forma de uma câmera fotográfica. A VOCÊ, sugiro uma caneta.
Família.
Péculo reuniu quatro anos atrás, durante uma entrevista. Ele era famoso por sua sabedoria no domínio da tanatologia exequial (preparação do corpo para velório) onde pedi que me mostrasse seu trabalho. Ele respondeu que já não operava mais em corpos, mas ensinava a fazê-lo, mas poderia me conduzir a Daniel Carunchio, seu sobrinho e melhor discípulo: um homem com uma voz grossa e cor bronzeada, que me recebeu com um café e um álbum de fotos. Carunchio estava disposto a mostrar através de imagens, que lhe tinha ensinado a fazer o seu tio. A tanatopraxia é uma técnica que desinfecção do corpo, que impede a fuga de líquidos, gases e melhora a aparência da pele devolvendo feições naturais ao falecido. Isso explica Carunchio com fotos que ele passou com ritmo e com uma didática de vender produtos Avon.
DC - "Você vê este senhor? - Carunchio parado em um corpo consumido e seco, uma boca sem dentes... e continua...
- Depois de receber colágeno injetado, os lábios, receberam simulador dental, cápsulas nos olhos para não abrir. A família disse-me que ele tinha cabelo, e então colocamos-lhe. Porque não despedir-se bem de todos? Verifique agora, ele não parece dez anos mais jovem.
" Ao passar as fotos, eu sabia que Carunchio e Péculo eram pessoas indispensáveis neste processo. Dentro de horas conseguiam com sucesso transformar um cadáver na imagem que todos nós precisamos ter dos mortos: um corpo adormecido e sereno, a face sem uma penalização.
Enquanto estava distraído pensando nesta tarde de bate-papo e fotos, Carunchio virou uma página e me mostra sem aviso uma foto com a imagem de uma mulher que tinha caído de face do quinto andar de um prédio... - Ah, não te avisei, ele disse. Agora começam os mortos por acidente. Aqui você pode mudar. Já havia visto algo semelhante..., me pergunta Ele. - Nunca, exceto desta vez, respondi, eu fiquei chocada. - Você está bem? ...
Entrevistador - Que tipo de família é a de vocês?
RP -Nós somos uma família como a de qualquer pessoa. Vivemos com a morte da mesma maneira que um médico que vive com doenças e Jornalistas com desgraças. A diferença é que com a nossa família todos sabem e o que nós queremos quando morrer.
Entrevistador - Vocês sabem o que querem os seus filhos?
RP - Obviamente. Até mesmo minha neta que tem três anos, sabe o que eu quero em minha despedida.
Entrevistador - Que horror!
RP - Por quê? Para estas coisas, nunca é cedo. Normalmente me perguntam se devem trazer as crianças aos velórios. E eu digo que sim. Precisamos conversar sobre a morte. Quando um animal de estimação morre, o que costumamos dizer... que o coelho escapou, e ficamos num beco sem saída, porque depois o que você diz, que o avô fugiu, e a criança... Você tem que entender que a morte faz parte da vida. Na educação deve ser inserido tema como a morte, assim como educação sexual. Precisamos ter claro que vamos morrer. Digo a você com certeza. E a melhor coisa que podemos fazer é levar esta certeza naturalmente. Vejamos. O culto da morte é considerado o ponto de partida que, como alguns classificam como o nascimento do homem. Ao contrário dos macacos, a quem a morte era indiferente a ela, o homem Neanderthal, começou a cinqüenta mil anos atrás, a enterrar seus mortos: uma prática que, segundo o filósofo e antropólogo francês Georges Bataille, mas também revelou medo magnetismo. Esse medo levou a luto. Acreditava-se que as almas dos mortos poderia tomar posse do corpo do vivo, da maioria dos membros da família e, por isso, foram utilizadas roupas escuras e capuzes para disfarçar a aparência e enganar almas. Mas, dois séculos mais tarde, ou seja, agora, o medo se tornou consideravelmente mais operacional. Não é o castigo do inferno, ou Deus: as pessoas têm pânico, por exemplo, ser enterrado vivo. Assim, o site do canal tem Utilísima-link dentro do programa de Péculo, um parágrafo sobre o tema da "catalepsia" onde há um passo-a- passo, acompanhado de fotos adicionadas, que ensina os telespectadores técnicas como a do "espelho". Isto é: para detectar, com a ajuda de um cristal, se o falecido, ainda respira. Péculo adverte que é difícil e muito pouco provável, que um morto volte do túnel novamente. Mas a vida sempre consegue oferecer uma peça de ficção.
Por exemplo, Péculo relembra seu primeiro cadáver onde teve de lidar com ele com apenas dezoito anos de idade, a morte ocorrera em viagem no estrangeiro.Essa primeira morte, Péculo, relatou.
Ele diz que é de mau gosto, mas ele explica que, se fosse bom gosto, esta nota não seria mencionada.
...Bem, há organismos que ao morrer incham mais rápidamente, e quando se movimenta o ar é liberado... e disse finalmente.
RP- Em seguida, ao levanta-lo, eu ergui minha cabeça e eu ouvi de forma muito clara: "Ahhh". Foi um horror. Quando ouvi o som no local e sozinho, no meio de um impasse "ahhh" fico ou vou... não saí correndo, mas ... Mas com o olhar fixo, disse Péculo. - O pânico de ser enterrado vivo Gerou grande polemica, criando um novo nicho no mercado.
No Chile, o Cemitério Evangélico Caminho de Canaã oferece caixões com um sistema de infravermelhos que detecta qualquer movimento das mãos. Além disso, Ricardo Péculo diz que, na província de Mendoza também é alugado por um período de três meses, um nicho com um alto alarme que detecta qualquer anormalidade dentro do caixão. Para qualquer movimento, há um alarme sonoro. O problema é que se um dia ocorrer em Mendoza um terremoto, todos os telefones irão chamar, imaginem todos no cemitério com a pá. Vai ser Uma loucura!
Antigamente, muitos anos atrás, colocava-se na mão do falecido um pau com um sino. Mas hoje, quando se é declarado morto, você está morto. Mesmo assim, as pessoas às vezes pedem que o sepultem com celular. - Mas perguntamos ... Há algum sinal para celular abaixo da terra? Nunca responderam. Até agora ninguém ligou. Mas quando ocorrer a primeira chamada vai se armar um entrevero!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

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